Na sala de espera, bonecas, carrinhos e outros brinquedos procuram atrair a  atenção dos pequeninos. Conquistar o restante do público, composto por pessoas  que desejam obter informações diversas sobre laços de parentesco e o registro  civil de seus filhos, é o desafio do programa Pai Presente, gerenciado pelo  Centro de Reconhecimento de Paternidade (CRP), que completa um ano. 
O  nome “Pai Presente” foi criado em 2008 e adotado em 2009 pelo TJMG com o  lançamento de um convênio de cooperação técnica com o Núcleo de Ações e Pesquisa  em Apoio Diagnóstico (Nupad) da Faculdade de Medicina da UFMG. A meta da  parceria era viabilizar a realização ágil de exames de DNA em ações  investigatórias e negatórias de paternidade e maternidade, nos casos em que as  partes eram beneficiárias da assistência judiciária gratuita. 
Em agosto  de 2010, o Provimento 12 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) instituiu  nacionalmente um projeto de mesmo nome para incentivar o reconhecimento da  paternidade de crianças em idade escolar que não possuíam o nome do pai em seus  registros. Para a implementação do Pai Presente, o TJMG implantou, em agosto do  ano seguinte, o CRP, ligado à Vara de Registros Públicos de Belo Horizonte.  
A associação dos programas resultou em uma simplificação dos passos a  serem dados. A mãe comparece ao centro munida da certidão de nascimento da  criança, que é imediatamente digitalizada. O suposto pai é chamado e, se  reconhecer o filho, o juiz homologa o resultado, e se faz o registro. A mãe  depois pode ir ao cartório buscar o documento já alterado, com o nome do pai. No  caso de ser necessário o exame de DNA, colhe-se o sangue do suposto pai, da mãe  e da criança. O resultado é encaminhado digitalmente para o CRP.  
Balanço 
Em 2012, a equipe do CRP, que completa no próximo  dia 16 um ano de funcionamento, fez 12.395 atendimentos e 7.377 procedimentos.  Destes, 4.029, quase 55%, resultaram em reconhecimentos homologados; 1.942 foram  suspensos por pendências diversas (arquivamento) e 1.406 são os chamados  procedimentos frustrados (dificuldade de contatar os envolvidos, morte, erros  materiais). 
Do total de reconhecimentos, 2.247 (56,24%) foram  voluntários e 1.782 envolveram o exame de DNA. Do universo dos 2.375  diagnósticos realizados, 75% tiveram resultado positivo; os outros 25%  comprovaram que o suposto genitor/parente não tinha vínculo biológico com a  criança. O juiz Fernando Humberto dos Santos, titular da Vara de Registros  Públicos de Minas Gerais e coordenador do CRP, declara que, em vista dos custos,  a meta do centro é atingir 70% de casos solucionados sem o exame de DNA.  
Segundo ele, ninguém vai embora sem uma solução, ainda que parcial. “A  equipe é escolhida a dedo e se envolve bastante, porque boa parte do público é  humilde e precisa de ajuda para saber a quem buscar e como agir”, conta. O  magistrado esclarece, ainda, que os casos mais demorados levam cerca de um mês  para serem resolvidos. 
O juiz explica que em algumas circunstâncias não  é possível determinar o pai. Por exemplo, quando a mãe se recusa a identificar o  parceiro, por raiva ou ressentimento. “Nunca ocorreu que, após o resultado  positivo, alguém se negasse a registrar a criança. A equipe sempre tenta  orientar os pais a pensar primeiro no interesse dos filhos, mas o quadro de  abandono é crescente”, reconhece. 
Para Fernando Humberto, o trabalho é  uma forma de “ação social”, pois o Pai Presente, ao dar retorno a pessoas que  comparecem ao CRP com demandas como processos de interdição, curatela, ausências  e sucessões, acaba resolvendo grande parte das pendências de cidadania.  
“Já tivemos oportunidades de registrar vários filhos do mesmo pai, de  atender a pais que estão presos, de achar irmãos de pessoas adultas, de promover  o reencontro de filhos com pais idosos que eles nunca conheceram. Como o nosso  público tem necessidades variadas, o Pai Presente oferece todas as soluções  administrativas ou encaminha o usuário do serviço ao órgão competente”, afirma.  
Fonte: Assessoria de Comunicação Institucional - TJMG
